O recente e 2o Fórum ESG para o RH, promovido pela ABRH Nacional que participei em São Paulo, provocou em mim inúmeras reflexões acerca da comunicação corporativa.
Com enfoque no S (Social) da sigla ESG, os palestrantes destacaram a importância das pessoas para que a agenda de fato seja parte da estratégia empresarial. A começar pela liderança que deve ter clareza sobre os limites cabíveis ao negócio para tomar decisões assertivas e em consonância com a expectativa dos públicos de relacionamento, por meio de muito diálogo, empatia e responsabilidade.
Nas falas, duas expressões me chamaram atenção: “Capitalismo de stakeholders” e “letramento”.
Fui entender a primeira: “Capitalismo de stakeholders” é um tipo de capitalismo em que as organizações procuram criar valor a longo prazo, considerando as necessidades de todas as partes interessadas e a promoção do bem-estar social.
Nada mais congruente a esse conceito do que a essência das relações públicas. Ou seja, RP é a ciência que se encarrega de gerir a comunicação entre organizações e sociedades, com o objetivo de construir, administrar e preservar a sua imagem, gerando credibilidade e reputação. Imaginem como ganha em relevância e perenidade uma estratégia de comunicação corporativa que tenha essa premissa?
A segunda, “letramento”, me deixou bem curiosa. Por que utilizar essa palavra para explicar as iniciativas sobre agenda ESG com colaboradores?
Pesquisando sobre o significado do termo, entendi que para os profissionais de RH é importante capacitar a liderança de forma mais abrangente, a fim de estimular o conhecimento contextualizado às práticas sociais, envolvendo compreensão e interpretação de conteúdos de acordo com a situação na qual o a empresa e seus públicos estão inseridos. É por isso que se fala, inclusive, em letramento digital, que é a capacidade de compreender e utilizar de forma crítica a informação encontrada nos meios digitais.
De meu lugar de fala, que é a comunicação corporativa, admiro essa intenção! Há anos trabalhando com comunicação interna, vejo o quão importante é informar as pessoas para que possam agir de acordo com o propósito da empresa.
Enfim, todo o conteúdo do evento fez muito sentido para mim. As empresas ali presentes trouxeram suas experiências, algumas ainda pontuais, outras mais abrangentes, num belo esforço para tornar o ESG uma diretriz fundamental para a sustentabilidade dos negócios.
Ao se proporem a ouvir seus públicos para levantar os temas materiais, fazem um exercício de pura comunicação, de escuta ativa. Ao comporem seus relatórios de sustentabilidade, aplicam o princípio da transparência e da prestação de contas, sem o qual fica bem mais difícil conquistar credibilidade. E se dedicam a organizar as realizações de acordo com as diretrizes ESG. Abrem, desta forma, um campo consciente para vulnerabilidades, propício ao ajuste da cultura organizacional, com inputs de fora para dentro, o que leva ao alcance muito além da auto reflexão e da prática de diagnóstico interno.
Para garantir a governança, as competências, cada vez mais no campo das soft skills, ou seja, aquelas que não são técnicas, mas que partem das aptidões mentais, emocionais e sociais, também colaboram para que os profissionais desempenhem e se comuniquem melhor. As citadas no encontro são: colaboração, engajamento, espírito de equipe, trabalho coletivo, pensamento crítico, empatia, abertura ao contraditório, resiliência, interesse genuíno no outro e liberdade de expressão.
A agenda ESG está associada à confiança que se constrói com relacionamento entre públicos e acesso à informação qualificada e transparente. É assim que vejo sua influência na comunicação corporativa.