Vou começar transformando esse título em uma pergunta: A quem pertence o futuro da comunicação interna? Hoje, é difícil encontrar uma única resposta. Ou a melhor resposta. Talvez amanhã seja possível. Não sei. Mas a pertinência da comunicação com os colaboradores é, para mim, o começo.
Isso porque a legitimidade da conversa entre marca e empregado está nas pessoas, em ouvi-las e identificar as dores para desenhar soluções aderentes às suas necessidades. Outras tendências, já presentes, são a descentralização na produção de conteúdo, gestão de comunidades e redes de influenciadores internos. Portanto, o futuro da Comunicação Interna pertence a qualquer um de nós que faz parte desta relação negócio e capital humano.
E para isso, a CI deve ter estratégia própria, a serviço dos objetivos do negócio e deve investir em relacionamento e conexão. O que não dá mais para esperar é trabalhar sem recursos, não inovar, abrindo mão das novas tecnologias e profissionais capacitados, em times internos ou prestadores de serviços, como as agências.
Pensando nas dores que a CI resolve, listo as seguintes:
- Conecta as pessoas com o Propósito da organização
- Dissemina a estratégia de negócio para orientar a tomada de decisão
- Fortalece e mantem a cultura, cuidando das relações e da promessa da marca aos colaboradores – EVP
- Cria senso de pertencimento, de valorização e reconhecimento dos profissionais que constroem a marca
- Forma cidadãos mais conscientes para a sociedade que queremos e precisamos com mais colaboração, diversidade, inclusão e ESG
Ou seja, é a tétrade do Conectar, Informar, Valorizar e Educar!
Agora, para mim, não dá para falar de futuro da CI, sem analisar o novo ambiente que passou a existir na pandemia, com o surgimento do modelo híbrido para a jornada de trabalho.
Em maio de 2021, o IDC Brasil, a pedido do Google Workspace, conversou com quase 900 funcionários de grandes empresas brasileiras em diversos setores e tamanhos para entender quais são essas percepções e as principais mudanças no período. Os resultados desta pesquisa, mostram que o formato híbrido passou a ser amplamente discutido e a ganhar cada vez mais força e adesão de profissionais e empresas no Brasil porque valorizam sobretudo: economia de tempo com transporte, segurança quanto ao contágio do COVID-19 e rotina participativa (com quem mora). Mas também aponta desvantagens relacionadas à falta de interações presenciais. Sentem falta principalmente: dos cafés com colegas e das reuniões presenciais. E secundariamente aparece a queixa da falta de condições mais adequadas para o trabalho remoto (infraestrutura/ergonomia). Entre os respondentes, o pulso referente ao modelo desejado aponta que 44% preferem híbrido, 27% remoto e 29% presencial.
O painel da 11ª edição do Internal Communications Summit da Corp Business, realizado em agosto de 2021 com as empresas Metlife, ICTS e Neon, comprovou esse cenário. As três marcas estão lidando com formas para equalizar a jornada de acordo com o que a empresa precisa e os seus colaboradores desejam.
Um estudo feito pela Fundação Dom Cabral (FDC), em conjunto com a Grant Thornton, revelou que a dificuldade em se relacionar e de se comunicar com as pessoas da organização em que trabalham são, de fato, dois grandes entraves do regime remoto. Muitas pessoas contratadas durante a pandemia sequer chegaram a conhecer pessoalmente seus gestores ou pares na área de atuação. É inegável que as relações ficam mais impessoais e frias, e a perda do convívio social com grupos e colegas de profissão é um dos principais medos apontados por 20% dos entrevistados. Ainda nessa pesquisa os dados mostram que, para o trabalhador, o home office é como um equilibrista numa corda bamba, que oscila entre a alta produtividade e a preocupação com o próprio bem-estar. O levantamento diz que 35,6% dos entrevistados se sentem mais produtivos trabalhando de casa — 23,2% acham que essa produtividade aumentou significativamente. Em contrapartida, 24% perceberam que, trabalhando de casa, eles têm um volume e horas de trabalho superiores ao presencial, o que impacta diretamente na qualidade de vida.
Já a Mckinsey aponta que surgirá um novo uso para os escritórios como hubs de colaboração. E que o trabalho remoto será para as atividades individuais, altamente especializadas e que exigem alta concentração.
Todas essas variáveis são sinais de atenção para que o processo de CI assegure segurança e agilidade ao modelo de trabalho híbrido, mas que também mantenha no radar que a cultura deve ser constantemente trabalhada para ajudar todos a navegarem essa mudança, garantindo o bem-estar e equilíbrio entre vida pessoal e profissional.
Desta forma, minha forte recomendação é pensar na Jornada do Colaborador, mapeando todos os pontos de conexão que geram sua experiência e cada vez mais investir na relação de troca entre as pessoas, adotando soluções de colaboração (compartilhar + contribuir) para gerir o sentido de pertencimento.
Claudia Cezaro Zanuso
Founder Duecom Comunicação